Nematoides parasitas de arroz-irrigado

Junho 7, 2023

Nematoides parasitas de arroz-irrigado

Junho 7, 2023

Que espécies de nemátodos afectam as culturas de arroz no Brasil?

Muitos nematoides fitoparasitas são encontrados em associação com a cultura do arroz irrigado, afetando o desenvolvimento das plantas e a produção. Entre os mais frequentes na cultura, citam-se os gêneros Meloidogyne, Aphelenchoides, Pratylenchus, Hirschmanniella, Criconemella, Helicotylenchus, dentre outros. Os nematoides-das-galhas, gênero Meloidogyne, formam o grupo de maior importância econômica na agricultura. No arroz irrigado, atacam as raízes de onde extraem nutrientes para seu crescimento e desenvolvimento. Em decorrência do parasitismo das raízes por esses nematoides ocorre a formação de pequenos engrossamentos nas pontas, denominados de galhas, cuja presença do patógeno dificulta a absorção de água e nutrientes necessários para o bom desenvolvimento das plantas.

Entre as espécies do nematoide das galhas que afetam o arroz irrigado, Meloidogyne graminicola é considerado o principal causador de danos (Figura 1 e 2 ). Outras espécies como M. hainanensis, M. lini, M. incognita , M. javanica, M. arenaria, M. oryzae, M. salasi, M. sasseri, M. triticoryzae e M. ottersoni foram relatadas também parasitando raízes de arroz no mundo. Plantas de arroz atacadas por Meloidogyne (nematoide-das-galhas) apresentam grande quantidade de galhas nas raízes. O aspecto das raízes fica semelhante a pequenos cabos de guarda-chuva. Além disso, o gênero Meloidogyne pode provocar o amarelecimento foliar na parte aérea, crescimento lento e porte reduzido, resultando na diminuição da produção. Dependendo do nível de infestação, há floração precoce e murchamento das plantas, por vezes, levando-as à morte. Em condições de campo são verificadas manchas em reboleiras contendo plantas menores, associadas ou não a algum sintoma anteriormente descrito (Figura 3). Os prejuízos causados pelo nematoide das galhas variam de acordo com o grau de resistência das plantas, sua densidade populacional no solo e com o manejo da água na área de irrigação. Apesar de o arroz ser parasitado, pelo menos, por onze espécies do gênero Meloidogyne, M. graminicola tem sido a espécie mais estudada na cultura irrigada. Em países asiáticos, em áreas de cultivo de arroz irrigado, perdas na produção decorrentes do ataque do M. graminicola variam entre 20% e 80%.


Figure 1 – Aspecto das raízes atacadas por Meloidogyne graminicola.


Figure 2 – Aspecto das raízes atacadas por Meloidogyne graminicola.


Figure 3 – Sintomas de plantas de arroz em áreas com a presença do nematoides-das-galhas.

Embora no Brasil no estado do Rio Grande do Sul existam relatos da ocorrência do nematoide das galhas em arroz irrigado desde a década de 80 em relação à espécie, somente nos anos 90 foi reportada a presença M. graminicola na cultura. Em levantamento recente, foi relatada a presença das espécies M. graminicola, M. oryzae, M. ottersoni e M. javanica, além de três outros nematoides com fenótipos de esterase atípicos, em regiões orizícolas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, provocando danos às plantações. No Paraná, um complexo de espécies também foi detectado, predominando M. graminicola e M. ottersoni. A identificação dessas espécies de Meloidogyne por meio de características morfológicas, bioquímicas e moleculares seria a primeira etapa para a implementação futura de técnicas de manejo, como o uso da resistência genética e da rotação de culturas, que são imprescindíveis para a manutenção ou aumento da produção orizícola nacional.
Além do arroz irrigado, outras culturas hospedam M. graminicola como aveia-preta, cevada, trigo, soja, tomate, pimenta e cebola. Outro fator que merece atenção são as plantas daninhas presentes nas lavouras de arroz irrigado, pois, além de competirem com as culturas por água, luz e nutrientes, podem ser hospedeiras de outras pragas, aumentando os danos futuros sobre o potencial produtivo da cultura. Várias plantas daninhas podem abrigar o nematoide, entre elas Echinochloa colonum, Echinochloa crusgalli, Eleusine indica, Fimbristylis miliacea, Cyperus difformis, Panicum spp. (Figura 4).

Ciclo de desenvolvimento dos nemátodos e risco de disseminação

O nematoide sobrevive e se reproduz na entressafra, em campos de pousio, contribuindo com o aumento da densidade populacional no solo, para depois parasitar a cultura do arroz na estação seguinte. No entanto, as plantas daninhas muitas vezes são negligenciadas pelos produtores devido à falta de sintomas visíveis na parte aérea das plantas. No Brasil, esta espécie já foi encontrada parasitando raízes de Echinochloa crusgalli, Cyperus difformis, Cyperus rotundus, Cyperus iria e Juncus microcephalus e também foi detectada em Hordeum vulgare. Além de essa espécie sobreviver em plantas hospedeiras alternativas, existe o perigo de disseminação através do movimento da água, equipamentos agrícolas contaminados e utensílios. Atenção especial deve ser dada ao manejo da água de irrigação em áreas infestadas.


Figure 4 – Plantas daninhas que hospedam M. graminicola

A fim de reduzir os prejuízos causados pelo nematoide das galhas é necessário um diagnóstico seguro de sua presença na área em conjunto com a identificação correta da(s) espécie(s) associada(s) à cultura. Entre as medidas de controle, o uso de variedades resistentes, a rotação de culturas e o uso de nematicidas são mais efetivos e economicamente viáveis no controle de Meloidogyne spp. No entanto, para o manejo de M. graminicola, não há variedades resistentes disponíveis no mercado brasileiro e, tampouco, existem produtos químicos registrados para a cultura do arroz no país. Somente quatro produtos registrado a base de Bacillus para o manejo do M. graminicola.
Os nematicidas biológicos aplicados via tratamento de sementes e área total apresentam uma redução da população destes patógenos no solo e nas raízes das plantas de arroz e com reflexo direto na produtividade. Esse reflexo direto está ligado ao modo de ação dessa ferramenta de manejo, que ao proteger as raízes iniciais, garante estabelecimento das plantas por interferir diretamente no processo de infecção desse nematoide nas raízes, e quando realizada, culmina em danos diretos advindos da sua alimentação nos tecidos radiculares e indiretos pela abertura da porta de entrada para outros patógenos de solo (Figura 5).


Figure 5 – Parcela a esquerda tratada com produto biológico e parcela a direta sem tratamento, em área naturalmente infestada por M. graminicola.

Por se tratar de um grupo de difícil controle e de erradicação praticamente impossível, agregar tecnologias que interfiram na interação nematoide planta é fundamental para estruturação eficiente do ambiente de produção, haja vista que essas tecnologias têm influência direta na taxa de reprodução do nematoide nas raízes do arroz. No tocante a isso, é de suma importância diminuir a densidade populacional desse nematoide no solo visando aos próximos cultivos.
Portanto, o produtor deve estar atento em suas escolhas quando estiver cultivando em solos com presença de M. graminicola, procurando utilizar cultivares de baixo fator de reprodução e associar isso ao uso de nematicidas biológicos, além de intercalar a rotação ou sucessão de culturas com plantas não hospedeiras, de maneira a diminuir a população inicial de uma safra para outra, permitindo a convivência com esses microrganismos.

Como o Staphyt pode ajudá-lo na pesquisa de Nematóides no Brasil?

Nosso laboratório no Brasil é especializado em análises de solo e materiais vegetais para, com descrição dos níveis de espécie, população e raça (SCN). e biológico, para o manejo de nematoides em diferentes cultivos.

  • Testes de eficácia e desenvolvimento de produtos químicos e biológicos para o manejo de nematóides em diferentes culturas.
  • Mapeamento e diagnóstico de nematóides.
  • Fator de reprodução (FR) em diferentes cultivos.
  • Estudos de plantas de cobertura em associação com produtos químicos e biológicos no manejo de nematóides;
  • Posicionamento do nematicida/bionematicida

Colaborador de artigos

Dr. Cristiano Bellé rticle contributor
Coordenador de Pesquisa em Nematologia – Staphyt Brasil- Itaara/RS

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